ECOS DA FLORESTA
ECOS DA FLORESTA
Hipótese de obra teatral escrita por.
Mauricio de Leon -inverno de 2005
Prelúdio:
Quem é o louco?
Cenário:
- Escuro, apocalíptico e nublado.
Sonoplastia:
- Sons de corvos de metal ao vento noturno.
Personagem:
- Mendigo Alienígena.
=====================================
Habitantes do Planeta Terra!
Filhos desta perfeita criação do firmamento.
Neste lugar onde cada semente que cai ao chão multiplica seus frutos.
O paraíso que está sendo transformado num inferno.
Habitantes do Planeta Terra!
Quantos mais serão covardemente assassinados até que um dia vocês acordem?
Quantos Cristos ainda serão crucificados?
Quantos Chico Mendes serão fuzilados?
Habitantes do Planeta Terra!
Abram os olhos!
E vejam nossas crianças perdidas sendo sucateadas.
Vejam nossas universidades mendigando, pelas ruas, uma migalha das verbas públicas.
Vejam o lixo do consumismo pasteurizado sendo depositado pelas calçadas.
Quem são os responsáveis por tudo isto?
Quem são?
Ora, vocês não sabem?
Somos todos nós!
Todos nós.
Habitantes do Planeta Terra!
Gostaria de lembra-los que todos os serem nascem livres.
E só é prisioneiro quem está acovardado.
Pois, só os mortos não reclamam.
O que falta então?
Do que temos medo?
Por que estamos destruindo o planeta que é a nossa única casa?
=====================================
=====================================
I-ATO: Árvores (10')
Jovem Alma - Francieli Campos
Árvore - Fernanda Almeida
Lenhador - Alexandre
Direção - Francieli Campos
...........................................pág.: 04
II-ATO: A Grande Seca (10')
Narração - Fernanda Almeida
Jarra de Cristal - Francieli Campos
Naufrago - Alexandre
Direção - Mauricio de Leon
...........................................pág.: 08
III-ATO: A Morte da Vela (10')
Monologo com Francieli Campos
Direção - Fernanda Almeida
...........................................pág.: 11
Texto e Produção:
Maquiagem e Figurino:
Cenários:
Direção Geral:
Mauricio de Leon
Francieli Campos e Fernanda Almeida
Alexandre
Coletiva
Prelúdio: Quem é o louco?
Habitantes do Planeta Terra!
Filhos desta perfeita criação do firmamento.
Neste lugar onde cada semente que cai ao chão multiplica seus frutos.
O paraíso que está sendo transformado num inferno.
Habitantes do Planeta Terra!
Quantos mais serão covardemente assassinados até que um dia vocês acordem?
Quantos Cristos ainda serão crucificados?
Quantos Chico Mendes serão fuzilados?
Habitantes do Planeta Terra!
Abram os olhos!
E vejam nossas crianças perdidas sendo sucateadas.
Vejam nossas universidades mendigando, pelas ruas, uma migalha das verbas públicas.
Vejam o lixo do consumismo pasteurizado sendo depositado pelas calçadas.
Quem são os responsáveis por tudo isto?
Quem são?
Ora, vocês não sabem?
Somos todos nós!
Todos nós.
Habitantes do Planeta Terra!
Gostaria de lembra-los que todos os serem nascem livres.
E só é prisioneiro quem está acovardado.
Pois, só os mortos não reclamam.
O que falta então?
Do que temos medo?
Por que estamos destruindo o planeta que é a nossa única casa?
...depois o louco sou eu...
I - ATO: Árvores
Cena 1
Uma Jovem Alma está encostada em uma árvore. Acomodada à sombra, faz anotações numa pequena caderneta. A Jovem Alma levanta e contempla a árvore por alguns instantes. A Jovem Alma olha para os espectadores e diz:
Jovem Alma:
- Ás vezes fico olhando para as árvores e perco-me em meus pensamentos...
Cena 1.1
Olhando para a árvore no centro do palco:
Jovem Alma:
- Ou fico olhando, somente, para uma árvore...
- Tento imaginar como deve ser sua existência...
Cena 1.2
Caminhado livremente em volta da árvore, a Jovem Alma, está inspirada, e continua pensando em voz alta:
Jovem Alma:
- Uma árvore nasce e cresce ao acaso, mas nem não pode caminhar...
- Será que ela sabe quem foram seus pais?
- Será que as árvores sonham?
- Acho que uma árvore não sente dor, mas talvez tenha uma alma e seja muito feliz.
- Com suas profundas raízes sente-se segura. Poder olhar as estrelas todas às noites...
- Serve de abrigo para muitas outras vidas e demora muito para morrer.
- Até gostaria de experimentar ser uma árvore...
- Assim poderia ver sempre o mesmo pôr-do-sol e nunca precisaria ficar ouvindo conversar idiotas...
Cena 1.3
Deixando o estado contemplativo e voltando-se para o público, a Jovem Alma os interroga:
Jovem Alma:
- Vocês já pensaram em como deve ser a vida de uma árvore?
- Vocês ainda não perderam a esperança de um futuro melhor?
Cena 1.4
A Jovem Alma derruba a árvore de papelão que está no centro do palco e sai de cena indignada.
Cena 2
Do centro da cena começa a brotar uma árvore. Cheia de esperança ela ainda não sabe quem é:
Árvore:
- Luz novamente...
Cena 2.1
Quando descobre que é uma árvore ela expressa total impotência:
Árvore:
- Droga! Droga mesmo. Não posso acreditar... Nasci árvore novamente.
- Já decorei a história toda.-
- Nasci ao acaso...
- Como gostaria de ter um pai e uma mãe.
- Vou passa o tempo todo presa aqui, no mesmo lugar. Minhas raízes crescem cada vez mais profundamente. Assim fico mais presa. Nunca paro de me alimentar e vou ficando cada vez mais gorda.
- Trabalho a vida toda para sustentar incontáveis parasitas que devoram todas as minhas flores e os meus frutos. Um monte de insetos pelo meu corpo, da raiz até as últimas folhas. Não posso fazer nada para tira-los de meu corpo.
- Ainda há os passarinhos que fazem ninhos em meus galhos, destes até que gosto. Só lamento não poder ouvir seus cantos.
Cena 2.2
A Árvore suspira profundamente, fica em silêncio e pensativa por alguns instantes:
Árvore:
- A chuva sempre é gelada e a noite é fria. Preciso engolir gás carbônico porque não existe nada mais para respirar.
- Minha vida não é nada agradável. Não posso dividir minha sabedoria com ninguém e sinto muito dor.
- Minha alma chora cada vez que uma irmã arvore é derrubada.
Cena 2.3
Mais alguns segundos de silêncio:
Árvore:
- Sei exatamente como vou morrer...
- Se tiver sorte vou viver muito e morrer velha, seca e enrugada. Mas a qualquer momento pode vir um forte vento e me derrubar ao chão e irei acabando aos poucos, sentindo minhas células decompondo-se e sendo devorada por vermes.
- Ou pode ser pior... Muito pior...
- Um homem aparece e me corta sem nem pedir licença.
Cena 2.4
A Árvore olha bem para todos os espectadores:
Árvore:
- Gostaria tanto de ser livre! Poder caminhar por aí. Escolher meus próprios caminhos.
- Errar e acertar.
- Amar e poder abraçar minha família.
- Gostaria tanto de ser um de vocês!
Cena 3
Um humilde Lenhador entra pelo fundo da cena e vem cortando algumas árvores. Quando para de lascar, apóia o seu machado no chão e descansa um pouco:
Lenhador:
- Plantei todas estas árvores, queria que fossem milhares, mas são apenas dezenas. Quando criança não sonhava em ser lenhador, mas não tive outra escolha. Hoje penso num dia ter dinheiro suficiente para ir morar em outro lugar, levar outra vida....
Cena 3.1
O Lenhador descansa e a Árvore:
Árvore:
- Será que você nunca pensou em como é a vida de uma árvore?
Cena 3.2
O Lenhador segue em suas divagações solitárias:
Lenhador:
- Mas houve um tempo pior...
- Muitos perderam todas as esperanças...
- Os índios cometeram suicídio em massa porque não queria ver o fim da natureza.
- O aquecimento global não parou de aumentar.
- As florestas foram todas destruídas e todos os recursos naturais acabaram e as cidades também.
- A alta tecnologia não serviu de nada.
- Hoje todos precisamos plantar frutas, legumes e verduras para comer. Precisamos plantar árvores para construirmos nossas casas e nos aquecermos com o fogo da lenha.
- Hoje todos somos lenhadores.
Cena 3.3
O Lenhador limpa o suor do rosto, pega seu machado e volta ao seu trabalho. Em pouco tempo mais uma árvore está no chão:
FIM DO I - ATO
II - ATO: A Grande Seca
Cena 1
Uma música que lembre o mar toca suavemente. Entra em cena a Narradora, a música baixa:
Narradora:
- Você acorda dentro de um sonho e no início não define muito bem o que vê e nem onde está.
- Você começa a perceber imagens em tons azuis e sente uma suave brisa acariciar seu rosto.
- Para cima está o céu infinito, para baixo um imenso mar de águas cristalinas e potáveis. Água assim como aquela que você não encontra mais quando está acordado.
- Ao longe um pequeno ponto escuro vai se aproximando e crescendo... crescendo... O ponto transforma-se numa pequena ilha com menos de um metro quadrado.
- Na ilha você percebe um ser que começa a existir a partir deste instante. É um bípede, conhecido como homo-sapiens. Sua curiosidade o leva a acomodar-se numa nuvem próxima para contemplar a cena.
Cena 1.1
No centro da pequena ilha está um Homem dormindo. Ele começa a se mexer e acorda. Espreguiça-se e levanta. Olha para o mar e pergunta ao infinito:
Homem:
- Mais um dia perfeito em minha própria ilha.
- Será que existe alguma coisa depois deste deserto infinito?
Cena 1.2
A Jarra de Cristal aproxima-se lentamente. Chega perto do Homem, serve um copo de água e lhe oferece respondendo tranqüilamente:
Jarra de Cristal:
- Não sei lhe dizer, mas talvez exista água...
Cena 1.3
O Homem pega o copo de água e bebe.Quase ignorando a presença a Jarra de Cristal ele responde:
Homem:
- Sim. Sim. Seria bom viver num lugar onde não se precisa esperar pela chuva para que nasça comida. Pena que estas terras não existem, isto é um sonho inocente.
Cena 1.4
A Narradora volta a cena:
Narradora:
- Neste instante começa a chover.
Cena 1.5
Abra-se um sorriso na face do Homem. A Jarra de Cristal enche-se de água.
Narradora:
- A chuva não dura muito, parando rápido. No meio de ilha brota um pé de café da manha.
Cena 1.6
O Homem rapidamente começa a comer e lamenta:
Homem:
- Chove e nasce uma árvore de almoço ou janta. Sempre bem hora que estou com fome.
- Se estou precisando de roupas nasce uma árvore com um figurino novo.
- Porém nunca nasce uma árvore com copos. Droga mesmo! Porque a vida é assim tão injusta?
Cena 1.6
A Jarra de Cristal tenta consolar seu amigo:
Narradora:
- Depois do deserto existe um lugar...
Cena 1.7
O Homem grita com toda a estupidez característica de sua espécie.
Homem:
- Silêncio alma inocente. Não venha novamente com este teu sonho tolo. Você não percebeu que estou comendo!
Cena 1.8
A Jarra de Cristal oferece mais um copo de água ao Homem e insiste:
Jarra de Cristal:
- Depois do deserto existe um lugar...
Homem:
- Cale-se!
Cena 1.9
A Jarra de Cristal quebra-se em muitos pedacinhos:
Narradora:
- Neste dia começou uma grande seca. As chuvas começaram a ficar insignificantes. Vez lá que outra caia alguns pingos e brotava um mirrado pé de comida. Ás vezes até crua. A estiagem foi piorando, muito calor, falta de água e o Homem cada vez mais fraco...
Cena 1.10
O Homem desesperado grita aos céus:
Homem:
- Será que não existe ninguém que possa me ajudar? Já são mais de dois dias de seca.
Cena 1.11
O silêncio envolve tudo. O Homem de joelhos, fraco, quase caindo tem um instante de esperança e levanta-se. Olha para os restos da Jarra de Cristal e fala num tom firme, seguro e forte.
Homem:
- Esta bem sua faladeira.
- Vou enfrentar este infinito deserto que me cerca e caminharei até encontrar o lugar que você tanto sonhava.
Cena 1.12
O Homem já sem forças pula dentro do mar. Engole um pouco de água e grita feliz:
Homem:
- Estou salvo! Estou salvo! Isto nunca foi um deserto, sempre foi água.
Narradora:
- O Homem mergulha para saciar sua cede e nunca mais volta à superfície, a grande seca o havia deixado muito fraco.
- Assim o Homem morre afogado na estupidez característica de sua espécie.
FIM DO II -ATO
III - ATO: A Morte da Vela
FIM DO III -ATO
1
Comentários
Postar um comentário
Pergunte, compartilhe um pensamento, seja criativo e educado e seu comentário será aprovado.